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Câmara de Ponta Delgada homenageia José de Almeida a 10 de julho
A Câmara Municipal de Ponta Delgada vai homenagear, a 10 de julho, o “líder histórico do Movimento pela Independência dos Açores”, José de Almeida, através da afixação de uma placa na casa onde nasceu, nos Remédios da Bretanha.
A homenagem surge na sequência de uma proposta apresentada pela Comissão Municipal de Toponímia, em 11 de junho de 2015 e aprovada, em reunião de Câmara, a 9 de dezembro do mesmo ano.
Nascido em 1935, nos Remédios, José de Almeida viria a falecer em dezembro de 2014, aos 79 anos, vítima de doença prolongada.
Mesmo doente, José de Almeida manteve até ao final da sua vida o seu ativismo público em defesa da independência dos Açores.
Aliás, na sua última intervenção pública, a 6 de junho de 2014, afirmou que “a luta pela independência vai continuar a ser um caminho”.
Nas suas palavras de então: “Apesar do que possam dizer, apesar do que possam pensar, estarmos aqui reunidos é uma manifestação de força. É uma manifestação de definição a dizer nós somos açorianos e queremos ser e vamos ser independentistas”.
José de Almeida falava numa sessão pública, promovida pela FLA para assinalar mais um aniversário do 6 de junho de 1976, quando uma manifestação juntou 10 mil pessoas em Ponta Delgada, na sua maioria lavradores, que se batiam por várias reivindicações e contra o regime de Lisboa.
Sempre admitiu que a FLA se sentiu “traída” neste percurso: “Nós tivemos traidores, gente que sabotou o raciocínio dos açorianos a caminho da independência”.
José de Almeida assegurava, naquela altura, como o fez sempre, que “há gente que sabe o que quer e que sabe que o melhor para os Açores é a independência”.
Pertencendo a uma família de lavradores, era o mais novo de 18 irmãos. Ao completar a antiga quarta classe, ingressou numa ordem religiosa, onde conseguiu a sua formação secundária, o que lhe permitiu licenciar-se em Histórico/Filosóficas, pela Universidade Clássica de Lisboa.
José de Almeida cumpriu o serviço militar em Angola, durante o período da guerra colonial. Mais tarde, lecionou (ensino secundário) no Liceu de Viana do Castelo.
Durante o consulado marcelista foi deputado à Assembleia Nacional até ao 25 de abril de 1974. A partir desse ano, regressou à ilha de São Miguel, tendo-se imediatamente identificado com o movimento que, à época, eclodia em Ponta Delgada em defesa da independência dos Açores. Quase de imediato, se tornou líder do movimento independentista. Situação que fez dele uma das figuras açorianas mais carismáticas de todos os tempos.
José de Almeida defendeu, sempre, um diálogo exigente, reconhecido e responsável com o Governo Central, por forma a conseguir, democraticamente, um referendo que viesse aprofundar o ativismo público em defesa da independência dos Açores.