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Ponta Delgada é um local de bom acolhimento
O Vereador da Cultura da Câmara Municipal, Sérgio Rezendes, afirmou, este sábado à noite, que “Ponta Delgada é, sempre foi, e sempre será, um local de bom acolhimento.
O autarca falava no lançamento do livro “Geografia Afetiva do A”, da autoria de João Carlos Martinho Miranda, que teve como palco o Auditório Municipal Natália Correia, na Fajã de Baixo.
O livro em apreço, como referiu, “fala sobre cicatrizes que se estão a fechar” e “marca o tempo, que é a chave de tudo”.
“É preciso deixar memória sobre os refugiados das antigas colónias portuguesas. E é precisamente isso que João Miranda nos transmite nesta obra notável, Conta a sua história. A história de uma vida difícil que acaba bem, até mesmo porque o autor está connosco” – acentuou.
Para Sérgio Rezendes, “o Professor João Miranda é um exemplo que todos nós devemos ambicionar ser. É um técnico brilhante, um professor fantástico e um notável líder, porque sabe ouvir todas as opiniões e consegue não ferir sensibilidades”.
O Vereador da Cultura da Câmara Municipal de Ponta Delgada agradeceu o convite para estar presente no lançamento de “Geografia Afetiva do A” e disse esperar que esta obra ”sirva de grande inspiração para todos aqueles que a vão ler”.
Manifestou, entretanto, a total disponibilidade da Câmara Municipal para “apoiar os nossos imigrantes”.
O livro, edição da “Letras Lavadas”, foi apresentado pelo antigo Reitor da Universidade dos Açores, Vasco Garcia, para quem a obra de João Miranda é feita “de afetos, de História, de proteção animal. Estamos perante um trabalho de sobrevivência, de descolonização, de inovação”.
Segundo Vasco Garcia, o livro agora lançado “é uma hino que deixa entrar uma sensação de esperança, que é o que mais precisamos nos tempos que correm”.
O autor do livro referiu-se ao mesmo como sendo um conjunto de pequenas histórias que se passam entre Angola (terra de origem), o Algarve e os Açores e que retrata, no fundo, o seu percurso de vida até chegar à ilha de São Miguel, onde ainda hoje vive.
“Geografia Afetiva do A” é uma compilação de relatos pessoais nos quais o autor se tornou personagem da sua vida de ficção.
O tom íntimo e realista das crónicas cria no leitor a ilusão de espreitar para território interdito ou secreto, mas, por entre a enorme índole confessional, surgem elementos saídos da imaginação. É esta simbiose que convoca o leitor a sentir cada narrativa num constante estado de curiosidade, inquietude e entusiasmo.
Três espaços distintos concorrem para uma marca identitária da personagem principal em experiências vividas em Angola, no Algarve e nos Açores.
De temas tão diversos – Da infância, à fuga de uma guerra, à integração num novo espaço até às peripécias que aconteceram “por acaso” e que marcaram a vida adulta no meio do atlântico, – com locais tão díspares e culturas tão singulares, a obra de João Miranda deixa evidente que “a única certeza da Vida é a incerteza e que o presente é o espelho das coordenadas do passado”.