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José Manuel Bolieiro defende que livro “História Natural do Vulcão das Sete Cidades” valoriza Ponta Delgada e os Açores

José Manuel Bolieiro defende que livro “História Natural do Vulcão das Sete Cidades” valoriza Pon...
03 Fevereiro 2017
Lubélia Duarte

O Presidente da Câmara afirmou, esta quinta-feira à noite, no Salão Nobre dos Paços do Concelho, que o livro “História Natural do Vulcão das Sete Cidades – natural History”, lançado pelo Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores (OVGA), coordenado pelo vulcanólogo Victor Hugo Forjaz, e que conta com a colaboração de vários investigadores da Universidade dos Açores, valoriza Ponta Delgada e a Região, porque alia a ciência e o conhecimento a uma estratégia turística.

José Manuel Bolieiro, que falava no encerramento da cerimónia, adiantou que a obra agora lançada com o apoio da Autarquia assegura a notoriedade das Sete Cidades, o vulcão e a história daquela que é uma das Sete Maravilhas de Portugal, além do que aponta uma nova estratégia para o turismo dos Açores, ligando a natureza, o conhecimento a um dos mais importantes setores da economia açoriana – o turismo.
“Ao apoiar a edição do livro coordenado pelo Professor Victor Hugo Forjaz e apresentado pelo Professor da Universidade Católica Gonçalo Pereira, Diretor da National Geographic Portugal, a Câmara de Ponta Delgada está a dar um contributo não apenas para a sua mediatização, mas também, e sobretudo, para o desenvolvimento turístico para os Açores, valorizando o que é nosso e que é a imagem do que fomos, do que somos e do que seremos” - frisou.
Deixando uma palavra de gratidão a Victor Hugo Forjaz e a Gonçalo Pereira, assim como à Nova Gráfica, o Presidente da maior Autarquia dos Açores, José Manuel Bolieiro fez questão de sublinhar a importância do turismo do conhecimento, uma vez que “a maior parte das pessoas observa, mas não conhece.”
Na apresentação do livro, o Diretor Nacional da National Geographic Portugal falou sobre a importância do fator económico versus áreas protegidas, mas alertou para o facto de tal junção depender, essencialmente, pela educação e por iniciativas como esta organizada Câmara de Ponta Delgada, que é de louvar porque tira a Ciência da Academia e coloca “na rua” ao dispor de todos os interessados.
Sobre o livro, Victor Hugo Forjaz considerou o mesmo como “delicioso” e inédito, uma vez que reuniu 13 especialistas de 10 áreas ligadas ao turismo cientifico.
Editado pelo OVA, com o patrocínio do Município de Ponta Delgada, o livro aborda uma caracterização da ocupação humana do grande maciço que resultou da atividade de três grandes vulcões.
Trata-se de uma obra de divulgação científica sobre uma das 7 Maravilhas de Portugal - o Maciço Vulcânico das Sete Cidades.
Com 186 páginas e edição bilingue, a obra coordenada por Victor Hugo Forjaz, tem a participação de especialistas como Brito de Azevedo, que escreve um texto sobre o clima da ilha e das Sete Cidades e Serra Devassa, e João Pedro Barreiros, que apresenta um capítulo bem documentado sobre a vida marinha que rodeia a costa noroeste desta ilha.
Rui Bento Elias escolheu as fotos sobrea a flora e a vegetação do grande maciço poente de São Miguel; João Madruga, Jorge Pinheiro e João Forjaz Sampaio descrevem os diversos tipos de solos que derivaram das rochas que se geraram a poente de Ponta Delgada e Jorge Tavares apurou-se na cartografia moderna das Sete Cidades,apresentando atrativos mapas.
Por seu lado, Luís Miguel Almeida debruça-se sobre os fósseis de vegetais que ocorrem em diversos pontos e citados por Arruda Furtado a Charles Darwin. O mesmo técnico do OVGA apresenta um bom resumo do património espeleológico , uma área a explorar com cuidado.
Já João Fontiela traça uma boa cartografia da sismicidade do maciço das Sete Cidades complementada com dados muito atuais. A vulcanologia e a evolução das Sete Cidades e da vizinha Serra Devassa são os temas do editor, Victor Forjaz.
Nuno Dias Pereira e Vanessa Rocha encerram a obra com uma análise do património humano, bem documentado, ou seja, as igrejas que cercam as grandes vertentes, caldeiras e lagoas, os acessos , o célebre Chá da Seara do Engº Álvares Cabral, botânico e diretor do Museu Carlos Machado, as pontes que uniram as duas margens, o túnel que retirou o povoado de inundações venezianas, as azenhas que moíam cereal, porque dentro da grande caldeira não havia moinho de vento que resistisse, etc.
Disse Victor Hugo Forjaz que “Sete Cidades se auto-elegeu Maravilha de Portugal, mas que adormeceu sob os já secos louros da conquista, assim se exilando . Esta obra vem quebrar e afastar, vem esconjurar essa tragédia!”.
Apelou, entretanto, para a necessidade de se recuperar a paisagem e voltar a sentir os cheiros inebriantes dos cedros, o vibrar das faias e o perfume dos paus-brancos, sustentando: “há que refazer o destruído e recuperar o permitido, porque a Natureza geológica e biológica será o verdadeiro tesouro do futuro do povo insular.”
Segundo adiantou, a ilha de São Miguel é considerada como uma das mais variadas do Atlântico Geológico. Pela sua tectónica especial, diversificada, com falhas geológicas de quase todos os tipos que atravessam o território denominado Microplaca dos Açores e convergem para a área de São Miguel, dali prosseguindo pelo fundo do mar até Gibraltar. Um fenómeno geológico gigantesco que aflora na zona das Sete Cidade, entre Mosteiros e a Grota do Inferno, avançando para a Serra Gorda, atravessando a zona das Laranjeiras e mergulhando no mar, desenvolvendo -se para leste, até Marrocos-Gibraltar.
Victor Hugo Forjaz deixou um alerta aos guias turísticos: “nada disso ensinam e não têm formação adequada”.
“Os guias turísticos agoniam-se muito com a restauração e as igrejas. Pouco sabem explicar sobre o que a Mãe Natureza aqui construiu e que o homem tem a pouco e pouco destruído. Há que os formar, que os atualizar, que os adaptar ao novo fluxo turístico.” - acentuou
Defendeu a preservação do património natural das Sete Cidades e a sua ligação a um turismo diferente daquele que tem sido a estratégia regional, e, ao mesmo tempo, a sua recuperação e divulgação, uma vez que se trata de uma “verdadeira riqueza para o futuro dos Açores”.
Ainda na sua opinião, “as Sete Cidades podem ser o começo de uma nova fase reconstrutiva. Porque têm história geológica; porque concentram variedade botânica; porque abarcam variedade hidrológica notável, desde termas a nascentes e lagoas; porque ali existe uma massa de água longa e serena onde se podem praticar os mais variados desportos eco-sustentáveis.”
Victor Higo Forjaz defendeu que “Sete Cidades não é apenas a Vista do Rei – ou seja, uma ida a jato estrada acima, uma foto para o buracão vulcânico e ala abaixo para as Furnas e Lagoa do Fogo. O Chá da Seara, os grandes arvoredos de cedros perfumados, as bucólicas margens das lagoas, as pescas de carpas gordas, os passeios entre floridos pastos, as velhas azenhas de moer o grão, as fontes de águas límpidas, as pedra-pomes roliças, os pesqueiros dos Mosteiros, as termas de águas quase milagrosas (…) tudo isso é um mundo que o turismo deve aprender, usar e recuperar”.